quarta-feira, 19 de outubro de 2011

Um breve relato da minha História...

Ubirani Nunes, nasci em 08 de setembro de 1987 na cidade do Salvador-Ba, fui criado no bairro da Boca do Rio por toda a minha vida, teve meu primeiro contato com o Asé por intermédio de meu genitor Ney Nunes (Filho do Osún no Ilè da srª Amalha de Bessem no bairro de Pernabúes, Salvador-Ba.
Com 10 anos de Idade Ubirani hoje mais conhecido com Bira de Yemanjá passou a freqüentar festas de diversas nações inclusive Umbanda.
Aos 13 anos de vida senti uma grande necessidade de consultar o jogo dos búzios e assim foi apresentado-a a uma senhora chamada Vilma Andrade, esta será minha futura Yálòrisá.
Ao conhecer o ILÈ ASÈ SIDELOYÁ localizado em Areia Branca – Capirára; passei a ser filho vindo a me iniciar após 04 anos, período que levei para me arrumar, gosto de lembrar que levei quatro anos de minha vida juntado minha mesada de 60,00 por mês na época era a minha única fonte de renda... Mas eu consegui, comprei tudo que era necessario para minha iniciação com muita luta e fé!
Finalmente após esse período, em 18 Janeiro de 2002 eu nasci para o ÒRISÁ!
Tempos após minha obrigação de 03 anos, por motivos particulares houve a quebra do elo com minha Yálòrisá. Sendo assim dei continuidade as minhas funções e ABRIGAÇÕES (não vejo o candomblé como obrigação e sim abriguei em mim as responsabilidades que traz a minha religião), no Ilè Asé Opò Onirè adotando como segunda casa, onde eu recebi com maior amor o ÒYÈ no ano de 2011.
Vale ressaltar neste momento que freqüentei outras religiões como o BUDISMO CATOLISISMO PROTESTANTE ESPIRITISMO, porém a que mais me identifique foi o candomblé e por esse motivo permaneço... 

quinta-feira, 13 de outubro de 2011

Presente de Osún, Yemanjá e Ossàlá ( 12/10/2011)

O presente tem como objetivo maior agradar os Orisá(s) que predominam nas ÁGUAS em seu arquétipo real (essência).
Simboliza também encerramento do ciclo de festa!




sábado, 8 de outubro de 2011


Orikí Òsún Òpàrà

Òpàrà - Com Tradução a Cada Linha 
Òsún Òpàrà 
Yèyé Òpàrà ! 
Obìnrin Bí Okùnrin Ní Òsún 
A Jí Sèrí Bí Ègà. 
Yèyé Olomi Tútú. 
Opàrà Òjò Bíri  Kalee. 
Agbà Obìnrin Tí Gbogbo Ayé N'pe Sìn. 
Ó Bá Sònpònná Jé Pétékí. 
O Bá Alágbára Ranyanga Dìde. 



Òsún é uma mulher com força masculina. 
Sua voz é afinada como o canto do ega. 
Graciosa mãe, senhora das águas frescas. 
Opàrà, que ao dançar rodopia como o vento, sem que possamos vê-la. 
Senhora plena de sabedoria, que todos veneramos juntos. 
Que como pétékí com Xapanã. 
Que enfrenta pessoas poderosas e com sabedoria as acalma.

ORIKI DE OSÙN

Osún , mãe da beleza
Graça clara
Mãe da clareza

Enfeita filho com bronze
Fabrica fortuna na água
Cria crianças no rio

Brinca com seus braceletes
Colhe e acolhe segredos
Cava e encova cobres na areia

Fêmea força que não se afronta
Fêmea de quem macho foge
Na água funda se assenta profunda
Na fundura da água que corre

Osún do seio cheio
Ora yeyê, me proteja
És o que tenho -
Me receba.

(Transcriação de Antônio Risério)

Mito de Òsún

Òsún queria muito aprender a arte da adivinhação e foi procurar Esú que, matreiro, disse a Òsún que lhe ensinaria os segredos da adivinhação se ela, durante sete anos, passasse, lavasse e arrumasse sua casa.
Òsún foi aprendendo a arte da adivinhação cumprindo seu acordo. Findando os sete anos, Òsún e Esú, tinham se apegado bastante pela convivência em comum e Òsún resolveu ficar em sua companhia.
Um dia, Shòngó passou, avistou Òsún que se banhava à margem do rio e se apaixonou. Perguntou se não gostaria de morar em sua companhia em seu palácio em Oyó. Òsún rejeitou o convite, pois lhe fazia muito bem a companhia de Esú. Shòngó então sequestrou Òsún e levou-a em sua companhia.
Esú saiu a procurar, por todas as regiões, pelos quatro cantos do mundo sua doce pupila de anos de convivência. Chegando nas terras de Shòngó, foi surpreendido por um canto triste e melancólico que vinha da direção do palácio do rei de Oyó, da mais alta torre. Lá estava Òsún, triste e a chorar por sua prisão. Esú, esperto e matreiro, procurou a ajuda de Òrùnmílá, que de pronto agrado lhe deu uma poção de transformação para Òsún desvencilhar-se dos dominíos de Shòngó. Esú, por meio da magia pôde fazer chegar as mãos de sua companheira a tal poção. Ela tomou a poção mágica e transformou-se em uma linda pomba dourada, que voou e pôde então retornar em companhia de Esú para sua morada.

segunda-feira, 26 de setembro de 2011

História da África

Introdução
Nas escolas e nos livros, costumamos estudar apenas a história de um povo africano: os egípcios. Porém, na mesma época em que o povo egípcio desenvolvia sua civilização, outros povos africanos faziam sua história. Conheceremos abaixo alguns destes povos e suas principais características culturais.
O povo Berbere
Os berberes eram povos nômades do deserto do Saara. Este povo enfrentava as tempestades de areia e a falta de água, para atravessar com suas caravanas este território, fazendo comércio. Costumavam comercializar diversos produtos, tais como : objetos de ouro e cobre, sal, artesanato, temperos, vidro, plumas, pedras preciosas etc.
Costumavam parar nos oásis para obter água, sombra e descansar. Utilizavam o camelo como principal meio de transporte, graças a resistência deste animal e de sua adaptação ao meio desértico.
Durante as viagens, os berberes levavam e traziam informações e aspectos culturais. Logo, eles foram de extrema importância para a troca cultural que ocorreu no norte do continente.
Os bantos
Este povo habitava o noroeste do continente, onde atualmente são os países Nigéria, Mali, Mauritânia e Camarões. Ao contrário dos bérberes, os bantos eram agricultores. Viviam também da caça e da pesca.
Conheciam a metalurgia, fato que deu grande vantagem a este povo na conquista de povos vizinhos. Chegaram a formar um grande reino ( reino do Congo ) que dominava grande parte do noroeste do continente.
Viviam em aldeias que era comandada por um chefe. O rei banto, também conhecido como manicongo, cobrava impostos em forma de mercadorias e alimentos de todas as tribos que formavam seu reino.
O manicongo gastava parte do que arrecadava com os impostos para manter um exército particular, que garantia sua proteção, e funcionários reais. Os habitantes do reino acreditavam que o maniconco possuía poderes sagrados e que influenciava nas colheitas, guerras e saúde do povo.
Os soninkés e o Império de Gana

Os soninkés habitavam a região ao sul do deserto do Saara. Este povo estava organizado em tribos que constituíam um grande império. Este império era comandado por reis conhecidos como caia-maga.
Viviam da criação de animais, da agricultura e da pesca. Habitavam uma região com grandes reservas de ouro. Extraíam o ouro para trocar por outros produtos com os povos do deserto (bérberes).  A região de Gana, tornou-se com o tempo, uma área de intenso comércio.
Os habitantes do império deviam pagar impostos para a nobreza, que era formada pelo caia-maga, seus parentes e amigos. Um exército poderoso fazia a proteção das terras e do comércio que era praticado na região. Além de pagar impostos, as aldeias deviam contribuir com soldados e lavradores, que trabalhavam nas terras da nobreza.


Visibilizando as contribuições culturais africanas no Brasil (texto)

O Brasil atual é resultante do encontro de culturas e civilizações provindas de quatro continentes: América, Europa, África e Ásia. Neste sentido, podemos comparar o Brasil ao supercontinente pangéia que, há cerca de duzentos milhões de anos, explodiu sob as forças geológicas, dando origem aos continentes atuais. Os representantes desses quatro continentes, isto é, os povos indígenas, os alienígenas de diversos países europeus, os árabes, os africanos deportados e os asiáticos que aqui se encontraram nas condições históricas conhecidas, ou seja, cada um desse componente étnico trouxe sua contribuição na formação do povo e da história do Brasil, na construção da identidade e da cultura brasileiras. Identidade e cultura entendidas no sentido plural e não unitário.
É por isso que conhecer o Brasil equivale a conhecer a história e a cultura de cada um desses componentes culturais, tentando cercar e captar suas contribuições na sociedade brasileira. Não vejamos melhor caminho para entender a história social e cultural deste país, a não ser começar pelo estudo de suas matrizes culturais: indígena, européia, africana e asiática. Enfatizando a heterogeneidade do espaço. Porém, não é isso que acontece na história do Brasil até hoje ensinada através da historiografia oficial. Na maioria dos livros e materiais didáticos que "conhecemos", as contribuições dos africanos e seus descendentes brasileiros são geralmente ausentes dos livros didáticos e quando são presentes são apresentadas de um ponto de vista estereotipado e prenconceituoso. Conseqüentemente, os brasileiros de ascendência africana, contrariamente aos de outras ascendências (européia, árabe, asiática, judia, etc.) ficam privados da memória de seus ancestrais no sistema do ensino público oficial, além de acarretar uma baixa auto-estima e a construção de uma identidade negativa.
Essa situação justifica a lei nº 10.639/3 promulgada pelo Presidente da República em 2003, isto é, 115 anos depois da abolição da escravidão no Brasil, para reparar essa injustiça causada não apenas aos negros, mas também a todos os brasileiros, tendo em vista que essa história esquecida é um patrimônio de todos os brasileiros sem discriminação de cor.
Algumas pesquisas realizadas nos Estados Unidos e no Brasil apontam as dificuldades que as crianças negras têm para se auto-representar através do desenho. Geralmente, eles se auto-representam através dos traços morfológicos da população branca. Nas realidades sócio culturais esboçadas os agrupamentos tais como as favelas os quilombos urbanos e rurais aparecem como configurações territoriais depreciativas desmembradas de um passado e de um presente histórico comum ao descendente africano.
O enfoque da história do negro e da África e de suas dinâmicas culturais, configurações territoriais, e espaços sociais podem ser apresentados através da imagem colaborando desta forma na re-memoração da história da população negra, na re-construção da identidade afro-descendente bem como na apreensão do conhecimento.



Apesar de, segundo as descobertas mais recentes de fósseis de hominídeos, a África poder ter sido o “berço da humanidade”, donde a espécie Homo sapiens se espalhou pelo mundo e de contar com uma das civilizações mais antigas do mundo – o antigo Egito -, este continente foi desde a Antiguidade alvo de governantes de vários países, sobretudo os da Europa. As intempéries do passado e as disputas locais deixaram marcas que persistem até hoje no seio das populações de várias nações africanas.
A história da colonização de África encontra-se documentada desde que os fenícios começaram a estabelecer colonias na costa africana do Mediterrâneo, por volta do século X a.C.. Seguiram-se os gregos, entre os séculos século VI a.C. e século III a.C., os romanos no século II a.C., os vândalos, que tomaram algumas colónias romanas já no século V da nossa era, seguidos pelo império bizantino, no século seguinte, os árabes, no século VII e, finalmente, estados modernos da Europa, a partir do século XIV.

A colonização recente da África

Pode dizer-se que a colonização recente da África iniciou-se com os descobrimentos e com a ocupação das Ilhas Canárias pelos portugueses, no princípio do século XIV.
Processo de ocupação territorial, exploração econômica e domínio político do continente africano por potências européias. Tem início no século XV e estende-se até a metade do século XX. Ligada à expansão marítima européia, a primeira fase do colonialismo africano surge da necessidade de encontrar rotas alternativas para o Oriente e novos mercados produtores e consumidores.
No século XIV, exploradores europeus chegaram a África. Através de trocas com alguns chefes locais, os europeus foram capazes de capturar milhões de africanos e de os exportar para vários pontos do mundo naquilo que ficou conhecido como a escravidão.
No princípio do século XIX, com a expansão do capitalismo industrial, começa o neocolonialismo no continente africano. As potências européias desenvolveram uma "corrida à África" massiva e ocuparam a maior parte do continente, criando muitas colônias. Entre outras características, é marcado pelo aparecimento de novas potências concorrentes, como a Alemanha, a Bélgica e a Itália.
A partir de 1880, a competição entre as metrópoles pelo domínio dos territórios africanos intensifica-se. A partilha da África tem início, de fato, com a Conferência de Berlim (1884), que institui normas para a ocupação, onde as potências coloniais negociaram a divisão da África, propuseram para não invadirem áreas ocupadas por outras potências. Os únicos países africanos que não foram colônias foram a Etiópia (que apenas foi brevemente invadida pela Itália, durante a Segunda Guerra Mundial) e a Libéria, que tinha sido recentemente formada por escravos libertos dos Estados Unidos da América. No início da I Guerra Mundial, 90% das terras já estavam sob domínio da Europa. A partilha é feita de maneira arbitrária, não respeitando as características étnicas e culturais de cada povo, o que contribui para muitos dos conflitos atuais no continente africano, tribos aliadas foram separadas e tribos inimigas foram unidas. No fim do século XIX, início do XX, muitos países europeus foram até a África em busca das riquezas presentes no continente. Esses países dominaram as regiões de seu interesse e entraram em acordo para dividir o continente. Porém os europeus não cuidaram com a divisão correta das tribos africanas, gerando assim muitas guerras internas.


Atotòòò


DIA: Segunda-feira
CORES: Preto, branco e vermelho.
SÍMBOLOS: Xaxará ou Íleo, lança de madeira, lagidibá.
ELEMENTOS: Terra e fogo do interior da Terra.
DOMÍNIOS: Doenças epidémicas, cura de doenças, saúde, vida e morte.
SAUDAÇÃO: Atotòò!!!
Omolú é a Terra! Essa afirmação resume perfeitamente o perfil deste orixá, o mais temido entre todos os deuses africanos, “Rei Dono da Terra”.
È preciso esclarecer, no em tanto, que Omolú está ligado ao interior da terra (ninù ilé) e isso denota uma íntima relação com o fogo, já que esse elemento, como comprovam os vulcões em erupção, domina as camadas mais profundas do planeta.
Orisá cercado de mistérios, Omolú é um deus de origem incerta, pois em muitas regiões da África eram cultuados deuses com características e domínios muito próximos aos seus. Omolú seria rei dos Tapas, originário da região de Empé. Em território Mahi, no antigo Daomé, chegou aterrorizando, mas o povo do local consultou um babalaô que lhes ensinou como acalmar o terrível orixá. Fizeram então oferendas de pipocas, que o acalmaram e o contentaram. Omolú construiu um palácio em território Mahi, onde passou a residir e a reinar como soberano, porém não deixou de ser saudado como Rei de Nupê em pais Empê (Kábíyèsí Olútápà Lempé).
As pipocas, ou melhor, deburu, são as oferendas predilectas do orixá Omolú; um deus poderoso, guerreiro, caçador, destruidor e implacável, mas que se torna tranquilo quando recebe sua oferenda preferida.
Em África são muitos os nomes de Omolú, que variam conforme a região. Entre os Tapas era conhecido Xapanã (Sànpònná); entre os Fon era chamado de Sapata-Ainon,que significa ‘Dono da Terra’; já os Iorubás o chamam Obaluaiê e Omolú.
Omolú nasceu e foi abandonado pela sua mãe, Nanã Buruku, na beira da praia. Nesse contratempo, um caranguejo provocou graves ferimentos na sua pele. Iemanjá encontrou aquela criança e criou-a com todo amor e carinho; com folhas de bananeira curou as suas feridas e pústulas e transformou-a num grande guerreiro e hábil caçador, que se cobria com palha-da-costa (ikó) não porque escondia as marcas de sua doença, como muitos pensam, mas porque se tornou um ser de brilho tão intenso quanto o próprio sol. Por essa passagem, o caranguejo e a banana-prata tornaram-se os maiores ewò de Obaluaiê.
O capuz de palha-da-costa-aze (aze) cobre o rosto de Obaluaiê para que os seres humanos não o olhem de frente (já que olhar directamente para o próprio sol pode prejudicar a visão). A história de Omolú explica a origem dessa roupa enigmática, que possui um significado profundo relacionado à vida e à morte.
O aze guarda mistérios terríveis para simples mortais, revela a existência de algo que deve ficar em segredo, revela a existência de interditos que inspiram cuidado medo, algo que só os iniciados no mistério podem saber. Desvendar o aze, a temível máscara de Omolú, seria o mesmo que desvendar os mistérios da morte, pois Omolú venceu a morte. Debaixo da palha-da-costa, Obaluaiê guarda os segredos da morte e do renascimento, que só podem ser compartilhados entre o iniciados.
A relação de Omolú com a morte dá-se pelo fato de ele ser a terra, que proporciona os mecanismos indispensáveis para a manutenção da vida. O homem nasce, cresce, desenvolve-se, torna-se forte diante do mundo, mas continua frágil diante de Omolú, que pode devorá-lo a qualquer momento, pois Omolú é a terra, que vai consumir o corpo do homem por ocasião da sua morte.
Obaluaiê andou por todos os cantos de África, muito antes, inclusive, de surgirem algumas civilizações. Do ponto de vista histórico, Omolú é a idade anterior à Idade dos Metais, peregrinou por todos os lugares do mundo, conheceu todas as dores do mundo, superou todas. Por isso Omolú se tornou médico, o médico dos pobres, pois, muito antes da ciência, salvava a vida dos necessitados; durante a escravidão, só não pôde superar a crueldade dos senhores, mas de doenças livrou muitos negros e até hoje muitos pobres só podem recorrer a Omolú que nunca lhes falta.

Esú

“Exu não perguntava
Exu observava
Exu prestava atenção
Exu aprendeu tudo”
(PRANDI, 2002 p.40)

Graças à habilidade de observação e não de indagação, Exu foi capaz de aprender
tudo que era necessário para auxiliar Oxalá na modelagem dos homens.

“Exu prestava muita atenção na modelagem
e aprendeu como Oxalá fabricava
as mãos, os pés, a boca, os olhos, o pênis dos homens,
as mãos, os pés, a boca, os olhos, a vagina das mulheres. (PRANDI, 2002.
p. 40)

A ética do serviço, tão necessária e presente entre o povo de santo, encontra-se
também no mito, destacando seu aspecto de história exemplar na qual “Exu não tinha
riqueza, não tinha fazenda, não tinha rio, não tinha profissão, nem artes, nem missão. Exu
vagabundeava pelo mundo sem paradeiro...” (PRANDI, 2002. p. 40)
Exu que nada possuía, encontra paradeiro na Casa de Oxalá, onde através de muita
observação e serviço é recompensado e torna-se o orixá mensageiro, dono das
encruzilhadas, guardião da porta da casa de Oxalá, como podemos observar:

Exu trabalhava demais e fez ali a sua casa,
ali na encruzilhada.
Ganhou uma rendosa profissão, ganhou seu lugar, sua casa”.
“... Exu ficou rico e poderoso.
Ninguém pode mais passar pela encruzilhada
sem pagar alguma coisa a Exu”. (PRANDI, 2002. p. 41)

Outro exemplo, do mito enquanto ordenador de conduta social está no mito em que
Exu respeita o tabu e por isso é feito o decano dos orixás.

“Aquele que usa o ecodidé
Foi quem trouxe todos a mim.
Todos trouxeram oferendas
E ele não trouxe nada.
Ele respeitou o tabu
E não trouxe nada na cabeça.
Ele está certo.
Ele acatou o sinal de submissão”. (PRANDI, 2002. p.43)

A passagem acima chama a atenção para importância de se respeitar os tabus
estabelecidos. Exu obedece ao impedimento de não usar nada sobre a cabeça enquanto
utilizava o ecodidé, respeitando o euó. Dessa forma, é recompensado por Olodumare,
tornando-se seu mensageiro e o decano dos orixás, como mostra o fragmento a seguir:

“Doravante será meu mensageiro,
pois respeitou o euó
Tudo o que quiserem de mim,
que me seja mandado dizer por intermédio de Exu.
E então por isso, por sua missão,
que ele seja homenageado antes dos mais velhos,
porque ele é aquele que usou o ecodidé
e não levou carrego na cabeça
em sinal de respeito e submissão”. (PRANDI, 2002. p.43)

Através do mesmo mito podemos analisar a questão do respeito à senioridade, um
aspecto importante entre o povo de santo. Dentro desse, a idade de iniciação na religião
prevalece sobre a idade biológica. Sendo assim, o mais velho pode dever reverência aomais novo, _ 


“Exu era o mais jovem dos orixás. Exu assim devia reverência a todos eles,
sendo sempre o último a ser cumprimentado...” (PRANDI, 2002. p.42)

No mito, a senioridade almejada por Exu é garantida a partir da realização de um ebó
e pelo respeito ao tabu.

“Assim o mais novo dos orixás,
O que era saudado em último lugar,
Passou a ser o primeiro a receber os cumprimentos.
O mais novo foi feito o mais velho.
Exu é o mais velho, é o decano dos orixás”. (PRANDI, 2002. p. 43-44)



SANTOS, Nágila Oliveira dos. Mitos de Exu: entre ordenamento da estrutura e conduta
social e história exemplar. Revista África e Africanidades, Rio de Janeiro, ano 2, n. 8, fev.
2010. Coluna Mitologia Africana. Disponível em:
<http://www.africaeafricanidades.com/documentos/
mitos_exu_ordenamento_conduta_historia_exemplar.pdf >. Acesso em: 26/Setembro/2011

sexta-feira, 23 de setembro de 2011

LEI Nº 1814, DE 24 DE ABRIL DE 1991


ESTABELECE SANÇÕES DE NATUREZA ADMINISTRATIVA APLICÁVEIS A QUALQUER TIPO DE DISCRIMINAÇÃO EM RAZÃO DE ETNIA, RAÇA, COR, CRENÇA RELIGIOSA OU DE SER PORTADOR DE DEFICIÊNCIA.

O GOVERNADOR DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO,
Faço saber que a Assembléia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro decreta e eu sanciono a seguinte Lei:Art. 1º -A prática de atos de discriminação em razão de etnia, raça, cor, crença religiosa ou de ser portador de deficiência, sujeitará o agente às sanções previstas nesta Lei, sem prejuízo de outras cominações legais.Art. 2º - Constitui discriminação para os fins previstos nesta Lei:
I - impedir ou dificultar o acesso de alguém devidamente habilitado a qualquer cargo da administração direta, indireta ou fundacional, bem como de concessionária de serviços públicos;
II - negar ou dificultar emprego em empresa privada;
III - recusar ou impedir acesso a estabelecimento comercial ou de prestação de serviços, negando-se a servir, atender ou receber cliente ou comprador;
IV - recusar, negar ou impedir a inscrição ou ingresso de aluno em estabelecimento de ensino público ou privado de qualquer grau;
V - impedir o acesso ou recusar atendimento em estabelecimentos desportivos, casas de diversões ou clubes sociais abertos ao público;
VI - impedir o acesso às entradas sociais de edifícios públicos ou residenciais, elevadores ou escadas;
VII - impedir o acesso ou o uso de transportes públicos, de qualquer natureza;
VIII - impedir ou dificultar, por qualquer meio ou forma, o casamento, a união familiar ou a convivência social;
IX - praticar, induzir ou incitar, pelos meios de comunicação social ou por publicação de qualquer natureza, a discriminação ou o preconceito em razão da etnia, raça, cor crença religiosa ou de ser portador de deficiência.
Art. 3º - A infração ao disposto nesta lei, praticada por servidores públicos no desempenho de sua função, ou demais pessoas sob o poder disciplinar da administração pública, sujeitará o infrator às seguintes penas:
I - multa;
II - suspensão;
III - demissão;
IV - cassação de aposentadoria ou disponibilidade;
V - destituição de cargo em comissão, ou de função gratificada.
Parágrafo único - O Conselho de que trata o artigo 6º poderá, nos casos dos incisos II a V deste artigo, recomendar a autoridade competente enunciada no § 1º do art. 7º a restrição, por tempo determinado, a ocupação de cargo, emprego ou função pública.
Art. 4º - O desrespeito ao disposto nesta Lei praticada por particular ou entidade privada, inclusive delegatário de serviços públicos a qualquer título, sujeitará o infrator às seguintes sanções:
I - multa;
II - suspensão provisória do direito de participar de licitações com os órgãos e entidades da Administração estadual direta, indireta ou fundacional;
III - declaração de inidoneidade para licitar e ou contratar com os órgãos e entidades indicadas no inciso anterior;
IV - recomendação para suspensão de alvará ou interdição provisória de atividades ou estabelecimentos.
Parágrafo único - No caso do inciso IV, a recomendação será encaminhada por ofício ao órgão municipal competente, acompanhada de elementos que justifiquem a medida.
Art. 5º - Apurada a infração em processo administrativo regular, a autoridade administrativa competente, tendo em conta a natureza e a gravidade da infração cometida, aplicará a sanção que reputar cabível, motivadamente, dentre as previstas na presente Lei, observados os seguintes critérios:
I - nos casos do art. 3º:
a) a multa variará entre o mínimo de 1 (uma) e o máximo de 500 UFERJ’s;
b) a suspensão não deverá ser superior a 60 (sessenta) dias, podendo ser cumulada com a pena de multa;
c) as penas previstas nos incisos III a V somente deverão ser aplicadas em caso de reincidência.
II - nos casos do art. 4º:
a) a multa variará entre o mínimo de 1 (uma) e o máximo de 500 UFERJ’s, e poderá ser cumulada com qualquer das outras sanções;
b) as penas previstas nos incisos III e IV somente deverão ser aplicadas em caso de reincidência.
Art. 6º - O processo administrativo será instaurado pelo Governador ou pelo Secretário de Estado de Justiça ou pelo Procurador-Geral da Justiça, sendo ouvido o Conselho Comunitário de Defesa Social e assegurando-se ao acusado ampla defesa.
Art. 7º - O processo administrativo será conduzido por comissão composta de 3 (três) servidores estáveis, designados pelo Secretário de Estado de Justiça, e deverá ser concluído no prazo de 60 (sessenta) dias, prorrogável por igual período.
§ 1º - Ao Governador ou ao Secretário de Estado de Justiça, conforme o caso, caberá a aplicação da sanção recomendada no parecer conclusivo da Comissão prevista no artigo 6º.
§ 2º - Se no curso do processo administrativo forem apurados indícios de ocorrência de infração penal, o Secretário de Estado de Justiça determinará a remessa de peças ao Ministério Público.
Art. 8º - Esta Lei entrará em vigor na data de sua publicação, revogadas as disposições em contrário.
Rio de Janeiro, 24 de abril de 1991.

Oríkì à Osàlà

"Obanlá o rin n'eru ojikutu s'eru. Obà n'ille Ifon alabalase oba patapata n'ille iranje. O yo kelekele o ta mi l'ore. O gba a giri l'owo osika. O fi l'emi asoto l'owo. Oba igbo oluwaiye re e o ke bi owu la. O yi ala. Osun l'ala o fi koko ala rumo. Obà igbo".


Tradução
Rei das roupas brancas que nunca teme a aproximação da morte. Pai do Paraíso eterno dirigente das gerações. Gentilmente alivia o fardo de meus amigos. Dê-me o poder de manifestar a abundância. Revela o mistério da abundância. Pai do bosque sagrado, dono de todas as benções que aumentam minha sabedoria. Eu me faço como as Roupas Brancas. Protetor das roupas brancas eu o saúdo. Pai do Bosque Sagrado.

Osolufon, Orisá Olúfon, velho e sábio, cujo templo é em Ifón, pouco distante de Osogbô. Seu culto permanece ainda relativamente bem preservado nessa cidade tranquila, um núcleo de sacerdotes, os Ìwèfà méfà (Aájè, A´swa, Olúwin, Gbògbó, Aláta, e Ajíbódù) ligados ao culto de Orixá Olúfón e uns vinte olóyè, os dignitários portadores de títulos, que fazem parte da corte do rei local, Obà Olúfón. Conhecemos alguns Orisás funfun que segundo Verger seriam 154, dos quais citamos alguns:
Babá Ifurú; Babá Okim; Babá Akanjáprikú; Babá R’Oko; Babá Efejó; Babá Ajalá; Babá Ajagemo; Babá Olokun.

Osogiyan ou Oguian (Orisá Ogiyan): Orisá jovem e guerreiro, cujo templo principal se encontra em Ejigbô. Ganhou o título de Eleejigbô Rei de Ejigbô, Babá Ejigbô, uma de suas características e o gosto pelo inhame pilado chamado lyán, que lhe valeu o apelido de Oisa-Je-Iyán ou Orisájiyan, Oságuian no Brasil. Conhecemos alguns Orixás guerreiros funfun Elemoxós, são eles: Babá Ajagúna; Babá Lejubé; Babá Apejá; Babá Epê; Babá Akíre; Babá Dankó; Babá Dugbé;Babá Olójo
Encontraremos diversos nomes, títulos, qualidades diversas de Oxalá: Bábá Aláse, Arowú, Oníkì, Onírinjá, Jayé, Ròwu, Olóba, Olúofin, Oko, Éguin, Obanijitá, Oluorogbô, Ibô,  etc.
Willian Bascom observa que o ritual da adoração de todos esses Orixás funfun é tão semelhante que, e, alguns casos, é difícil saber se, se trata de divindades distintas ou simplesmente de nomes e manifestações diferentes de Orisanlá.
Oxalá compõe com qualquer outro Orixá, por ser universal e singular, apazigua energias trazendo tranquilidade  a qualquer um em qualquer situação, na vida e na morte.

Êpa, êpa, Babá ...

Osálá! 
Divina manifestação do Bem,
Senhor da perfeita Sabedoria e do Bendito Amor,
Ó ! Vós que recebei o poder do supremo Doador
para tudo e todos.
Protegei-nos das ciladas ilusórias do mundo enganador,
Despertai-nos para a realidade da vida imortal,
Sois a imaculada irradiação do Altíssimo,
Vosso nome é só maravilhoso e compassivo,
que nos guia; com ternura e esperança,
para a Aruanda – Cidade de Luz.
Ai de nós empedernidos, na mais grosseira materialidade,
Afogados em sentimentos inferiores,
Rogamos contritos pela salvação da nossa consciência.
Junto a Vós, trilharemos por caminhos iluminados,
Porque sois a divina pureza, acolhedora e misericordiosa.
Osálá!



Êpa, êpa, Babá ...

quinta-feira, 22 de setembro de 2011

Definições importantes

Preconceito Racial Conjunto de valores e crenças que levam um indivíduo ou um grupo a alimentar opiniões negativas a respeito de outro, com base em informações incorretas, incompletas ou por idéias preconcebidas.
Racismo - Estrutura de poder baseada na Ideologia da existência de raças superiores ou inferiores. Pode evidenciar-se na forma legal, institucional e também por meio de mecanismos e de práticas sociais. No Brasil, não existem conflitos de violência racial; todavia, encoberto pelo mito da democracia racial, o racismo promove a exclusão sistemática dos negros e dos índios da educação, cultura, mercado de trabalho e meios de comunicação.
DIFERENÇA - O direito à diferença expressa-se nas diferenças individuais: crença, gênero, idade... 
Respeitar e dar espaço para estas diferenças se manifestarem é uma atitude democrática e desejável.
Grau de desenvolvimento de uma democracia pode ser medido por este respeito.
DESIGUALDADE - Desigualdade é social, criada nas relações de injustiças sociais. Ex: ricos têm direito à educação e saúde de qualidade, pobres não; a sinalização nas ruas é pensada apenas para os “videntes”.
Esse tipo de desigualdade é anti-democrática e deve ser combatida.
Não respeitar o direito das “minorias” gera a exclusão social. 

Sancionada lei que cria o Dia das Nações do Candomblé

RIO - O governador em exercício Luiz Fernando Pezão sancionou a Lei 5.297, publicada na edição desta sexta-feira no Diário Oficial, que institui o “Dia das Tradições das Raízes de Matrizes Africanas e Nações do Candomblé”, a ser comemorado anualmente no dia 30 de setembro. O Executivo fluminense, com a colaboração dos centros religiosos de candomblé, promoverá, conjuntamente, atividades alusivas à data.
Apesar de ser uma tradição antiga na África, o candomblé só se organizou como culto religioso recentemente, devido à discriminação e perseguição que sofreu no país.
O candomblé é uma religião oficialmente reconhecida, que presta culto aos deuses que nos legaram os africanos que vieram para o Brasil no século 16. O significado da palavra candomblé para os adeptos desta forma de culto aos orixás vem a ser festa. Candomblé também é o termo genérico que define o coletivo de nações (tribos) africanas no Brasil.
A maioria dos negros trazidos para o Brasil pertencia aos grandes grupos étnicos bantos, capturados no Congo, Angola e Moçambique; sudaneses, originários da Nigéria, Daomé e Costa do Marfim; e sudaneses convertidos ao islamismo.
No Brasil, essas nações foram denominadas Jeje, Keto, Angola, Nagô, Xambá e Ijexá. Os sudaneses dirigiram-se predominantemente para a Bahia e os bantos, para Pernambuco, Minas Gerais e Rio de Janeiro. 

Orikí de Yemonjá

Agbe ni igbe're ki Yemoja Ibikeji odo.
Aluko ni igbe're k'losa, ibikeji odo.
Ogbo odidere i igbe're k'oniwo.
Omo at'Orun gbe 'gba aje ka'ri w'aiye.
Olugbe-rere ko, Olugbe-rere ko, Olugbe-rere ko,
Gbe rere ko ni olu-gbe-rere 

É o pássaro que leva fortuna boa ao Espírito da Mãe da Pesca, a Deusa do Mar.
É o pássaro Aluko que leva fortuna boa ao Espírito da Lagoa, o Assistente para a Deusa do Mar.
É o papagaio que leva fortuna boa ao Chefe de Iwo.
É crianças que trazem fortuna boa de Céu para Terra.
Ó Grande que dá coisas boas, Ó Grande que dá coisas boas, Ó Grande que dá coisas boas.
Me dê Coisas Boas do Grande que dá Coisas Boas

Ase! 

Orikí de Yemonjá

Báálé
Yemoja ágbódò dáhùn ire
Ìyá mi.
Aseperiola.
Abèrìn èye lénu
Iwo l'oko mi
Abìrìn iyì lésè méjèjì
Olówó orí mi
Omi owó kò wón nílé wa
Omi là bureke
Iyemoja a tó f'ara tì bí òkè
O l'ómi nílé bí egbele
Òrìsà tí nfi omi tútù wo àrùn
A wo àrùn fún olomo má gba èjé
Yemoja a tún orí eni tí kò sunwòn se
Túbò tún orí mi se kalé o. 

Báálé ! 
Yemanjá, de dentro das água, responde com o bem. 
Minha mãe, 
Que pode ser chamada para trazer prosperidade. 
A que sorri elegantemente. 
Você é minha senhora. 
Louváveis são os passos de seus pés. 
Dona do meu orí. 
A água que traz prosperidade não falta em nossa casa. 
Água em abundância. 
Yemanjá,firme como a montanha,nela podemos nos apoiar. 
Possui casa formada por muitas águas. 
Orixá que cura doenças com água fria. 
Que cura as doenças sem pedir sangue aos familiares do doente. 
Yemanjá, que melhora o mau ori. 
Melhora mais e mais o meu ori, até o fim da minha vida.